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Monday, October 26, 2009

Bate papo com Diego Stoliar sobre Mercado de Animação - Têndencias parte II




DIEGO STOLIAR, animador, produtor, diretor de arte



Bom no segundo momento Diego fala sobre as tendências da produção nacional e internacional.

No mercado virtualizado e global da terceirização, é comum ver produtoras com gerencias pequenas (menos cargos administrativos), um número maior de animadores e assistentes, Cut out e full animators, e cadeia produtiva expertista, composta por profissionais especializados em um só tipo de atividade. No caso da animação, é basicamente um mercado de relacionamento onde a confiança na equipe e nos gestores é fundamental.

Nesse processo, Diego, define o Brasil como país que está criando o seu perfil, pois possui fortes influências da animação norte americana, mas também da européia, asiática, leste europeu, etc. Contando com uma carga cultural peculiar que tem criado soluções de narrativa diferenciada. Isso atrai o investidor estrangeiro. Contudo o Brasil necessita aprimorar o Know how (conhecimento) técnico e valorizar o criativo.

Outros fatores têm destacado o profissional brasileiro: políticas de incentivo do governo, avanços na política de desenvolvimento econômico (Pré-sal), o trabalho da Associação Brasileira de Animação fortalecendo o vínculo com mercado, editais de incentivo e representatividade do setor, mercado consumidor jovem e ativo, profissionais talentosos com portifólio reconhecido e prêmios.

No entanto, no caso das séries de TV, para que os valores culturais e ou nacionais conquistem o investidor estrageiro é necessário que os projetos sejam formatados de uma maneira mais universal. Para isso o realizador precisa entender o produto que está em suas mãos e estabelecer uma estratégia de ocupação do mercado.

Então como se preparar? Diego dá algumas dicas:
Formação em faculdade especializada ou artes com complementação em curso específico (animação 2D, 3D, Stop motion, etc);
Atualização constante - o profissional que não se atualiza não permanece no mercado;
Disciplina - auto treinamento constante;
Andar com um Scket book, sempre desenhar, desenhos gestuais, rápidos;
Amigos interessados - quando se participa de um grupo onde há troca de informação e que o impulsiona a buscar referencias de qualidade os processos anteriores tornam se dinâmicos;
Criar uma biblioteca pessoal, acumular referencias visuais, musicais, técnicas, etc. Criar o que na música se chama repertório.
Conhecer pelo menos uma língua estrangeira, preferencialmente o inglês, a maioria das publicações não são traduzidas (principalmente software).

A chave para o futuro é uma indústria de relacionamentos, onde há uma gestão mais humana, com foco no controle e verificação do processo para identificar e corrigir falhas com rapidez. Com isso fica claro que um gerenciamento criativo da produção harmoniza o ambiente de trabalho pois "(...) o animador é o mais importante, sem ele não existe animação" Diego Stoliar.

Dentro desse contexto os profissionais necessários para uma produção de série de TV são: o Designer (de cenario, figurino, objetos e conceito), Storyboarder (com conhecimento em desenho rápido e linguagem cinematográfica), animador Cut out e Full, produtor especializado em animação. Para o mercado brasileiro faltam: roteiristas especializados em animação, storyboarder e produtores.

Tendências para o mercado nos próximos anos: especialização das funções (profissional expertista), uso de software open source (grandes estúdios tem a base tecnológica baseada em linux, pois facilita o desenvolvimento de ferramentas direcionadas para animação), digitalização da animação (crescente uso de finalização em desenho vetor, uso de softwares como Toom Boom e Adobe Flash), virtualização da produção (equipes virtuais, trabalhos em rede, gerenciamento através da Internet).

Diego finaliza o bate papo dando algumas dicas pessoais a quem quer se tornar um animador atraente para o mercado:

Junte seus amigos, busquem informações e abram sua empresa - apesar dos impostos, abre muitas portas, principalmente internacionais.
Economize e comprem uma Cintiq - agiliza o processo de finalização.
Aprendam a elaborar projetos - as oportunidades vão aparecer.
Aprendam a negociar o próprio trabalho - quando for estabelecer preço sobre seu trabalho inclua custos (tudo que foi gasto para realizar o trabalho, vai desde lápis e borracha até conta de energia e telefone), taxa de urgência - imprevistos acontecem, pagamento por etapas realizadas (para garantir fidelização do cliente, ao ver o andamento do processo), custo de retrabalho (cobre pelas alterações que necessitar fazer, e não se esqueça de estabelecer uma taxa de negociação, até que desconto você pode ofertar sem prejudicar seu rendimento e não precisar pagar para trabalhar. Também consulte uma tabela de preço dos profissionais do mercado.

Quando aparecer um trabalho se pergunte: consegue entrar para o portifolio? Você vai aprender alguma coisa com esse trabalho? Vai acrescentar para o meu currículo? Vai me levar a contatos interessantes? Vai ser difundido? Eu estou me divertindo com o que faço, tenho vontade de voltar no dia seguinte?



No próximo post falamos com o cineasta português Abi Feijó e Regina Pessoa sobre o mercado de Portugal e o sucesso do curta Uma história trágica com final feliz.

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