
Conhecido como “Guerra do Líbano”, o conflito foi iniciado com a invasão do Líbano por Israel, em junho de 1982, e culminou com o massacre de cerca de 3.000 refugiados palestinos. Estes, em sua maioria crianças, idosos e mulheres, estavam nos campos de Sabra e Chatila e foram mortos pelos “falangistas” cristãos.

Os objetivos israelenses eram eliminar o risco de o norte do país ser alvo de mísseis e garantir Bashir Gemayel, líder cristão e aliado político, como presidente do Líbano. Em agosto, às portas de Beirute, enquanto o exército israelense aguardava o comando para entrar na cidade, os combatentes palestinos foram evacuados em navios para Tunísia. No mesmo período, Bashir Gemayel foi eleito presidente, mas logo depois foi assassinado numa explosão enquanto discursava no quartel falangista em Beirute.
Ao cair da noite, em represália, as milícias cristãs entraram nos campos de refugiados palestinos. Por dois dias inteiros foram ouvidos tiros incessantes vindos dessas regiões, iluminadas à noite pelos fogos de comunicação israelenses. O massacre só chegou ao fim quando mulheres sobreviventes se projetaram sobre as forças israelenses que cercavam a cidade e a imprensa internacional tomou conhecimento do fato.

Intercalando depoimentos, sonhos e as lembranças que vão emergindo de sua mente, Folman conta a história de forma cronológica e documenta não só os fatos mas também a construção de suas recordações.
Todas as cenas são feitas em animação – desde os sonhos até os ataques aéreos. Mesclando desenhos em 2D e 3D, utilizando traços de contornos grossos, marcantes e cores chapadas, a produção possui uma estética gráfica influenciada pelos quadrinhos de Art Spiegelman.
As cenas de guerra, coloridas, acompanhadas por uma forte trilha sonora punk - que lembra um ambiente psicodélico, ligadão -, são seguidas por outras com estética mais limpa, em que predominam cores frias, tons pastéis, quase sem ruídos – cenas que remetem à ressaca pós-droga. A maneira como os fatos são apresentados é uma viagem através das imagens marcantes dos desenhos, de onde, ao final, o espectador é despertado de forma definitiva (não vale contar o final do filme). É uma alusão ao choque de consciência resultante da tomada de conhecimento quanto aos fatos da guerra (e talvez das consequências do uso de drogas), fazendo um paralelo com o despertar das lembranças do próprio Ari Folman.


Quanto à utilização das técnicas de animação, Valsa com Bashir merece algumas ressalvas na exatidão da representação de alguns movimentos (um tanto duros), no timing, mas essas imperfeições não afetam ou diminuem a força das imagens, que parecem fazer parte de um estilo da direção de arte composto para a narrativa.
Ari Folman tem sido apontado erroneamente como o criador de um “subgênero de documentário”: o documentário animado. Assim como contar fatos através da animação é muito mais comum e antigo que o alcance da lembrança da maioria dos críticos de cinema, a animação enquanto linguagem não é subgênero de qualquer outro gênero de cinema tipo vida-real. Winson McCay já registrava em seus desenhos (1918) o naufrágio do Lusitânia, ocorrido em 1915, já que na época não havia registro de imagem real de acidentes.

O valor e o destaque a serem dados a Ari Folman devem-se ao fato de ele ter conseguido utilizar a animação de forma impactante, integrando forma, conteúdo e o meio (veículo), de maneira que sua mensagem pôde ser transmitida o mais completamente possível em termos narrativos e audiovisuais. E ele não teve pudores em escolher a linguagem da animação para alcançar seu objetivo.
Valsa com Bashir foi transformado em HQ, lançada no Brasil pela L&PM.
Título: Valsa com Bashir
Gênero: Documentário animado
Realização e argumento: Ari Folman
Produtores: Ari Folman, Serge Lalou, Gerhard Meixner, Yael Nahlieli, Roman Paul
Direção de animação: Yoni Goodman
Ilustração e direção artística: David Polonsky
Montagem: Nili Feller
Efeitos visuais: Roiy Nitzan
Som: Aviv Aldema
Música original: Max Richter
fonte: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/cultura/cinema_teatro/0058.html
1 comment:
Ei pessoal, que tipo de conteúdo o site da ABCA-MG pretente ter? Ele vai falar sobre todo o universo da animação, não importa se de Minas, do Brasil e do Mundo?
Outra coisa, nos links, não esqueçam de Mudar onde está escrito Jefferson AV para "Brazilian Animation"...
Obrigado! Abraços,
Post a Comment