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Tenho uma predileção pela animação 2D, tanto como realizador quanto como espectador, mas já produzi peças em 3D que me agradaram, no entanto a maioria dos filmes de animação que gosto foram produzidos em 2D ou em Stop Motion.
Eu não vejo minha produção ligada à uma técnica específica, meus métodos são muito artesanais e apelo muito à improvisação e experimentação. Na verdade nem me considero um animador, mas antes um artista audiovisual. Meu forte é a ilustração e a composição de cena, seja em live action ou em técnica de animação. Apesar desse método a princípio "não industrial", não me considero um realizador "autoral", na verdade acho essa classificação ingênua e imprecisa. Todo realizador é autoral em algum nível, a questão é que temos miríades de tipos de produtos audiovisuais e classificá-los como industrial e comercial é um reducionismo impreciso. Na atual conjuntura, com vetores midiáticos muito diversificados e já dando os primeiros passos firmes rumo aos conteúdos interativos, ter profissionais que darão conta das diferentes demandas, estruturas de produção e métodos, se faz necessário e urgente. A demanda de uma série para TV é idissiocraticamente diferente da demanda de um curta metragem, ou de um VT publicitário, ou de uma instalação audiovisual. Enfim, o produto audiovisual é idiossincrático e requer profissionais diferenciados com formações e métodos específicos.
Penso que a melhor "referência" para alguém que faz filmes de animação são os filmes não animados. A maioria dos filmes que assisto são produzidos em live action e confesso que assisto poucas animações. Vejo um problema em um animador que só vê filmes de animação, que não tem outras referências, assim como vejo um problema em realizadores de live action que não vê filmes animados. A artista audiovisual, independente de seu produto, deve ser um curioso, um voraz consumidor de cultura diversificada.
Still - Moradores do 304
Timing em cena - Dos trabalhos que você realizou, quais julga serem os principais? Como a poesia e a prosa aparecem no seu trabalho? Fale um pouco sobre como a técnica se submete ao que você quer dizer ou mostrar. O que você anda produzindo atualmente?
Entre os principais trabalhos que produzi, vale a pena citar o filme de conclusão do curso na graduação de Cinema de Animação da EBA/UFMG, o curta Moradores do 304 (2007). Atualmente está em circuito de exibições em mostras e festivais de cinema o filme O Céu no Andar de Baixo (2010).
Acho que toda a origem e construção dos meus filmes parte de alguma linguagem poética, tanto visual quanto literária. O roteiro do curta Moradores do 304, partiu de uma livre adaptação do poema Elegia 1938 do poeta Carlos Drummond de Andrade. Os filmes mais recentes foram construídos a partir de imagens a qual tenho alguma simpatia ou relação. Imagens que eu mesmo produzo ou imagens de artistas que admiro como Alberto Giacometti, Edvard Munch, Arthur Bispo do Rosário e Oswaldo Goeldi.
Fotograma em movimento - Como você vê a animação hoje e para um futuro próximo? Você tem alguma dica para quem está começando?
Acho que o cenário da produção audiovisual de animação é ao mesmo tempo incógnito e acolhedor. Tem espaço para todos e para todas as possibilidades de manifestação. Para quem quer atuar como realizador de animação, meu conselho é que não seja limitado e que tenha fome de cultura.
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